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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Oposição quer espaços culturais no novo complexo do Lido

O PSD da Venteira, freguesia onde se situa o Lido, e a CDU da Amadora querem que a recuperação do complexo inclua sobretudo espaços culturais, acusando a câmara de pretender privilegiar a construção de escritórios e apartamentos.

Depois de um incêndio de causas desconhecidas ter destruído parcialmente o complexo, a autarquia liderada pelo socialista Joaquim Raposo emitiu ontem um comunicado onde explica que os termos de referência do plano de pormenor do local estão já aprovados, mas garante que "oficialmente, até hoje, não entrou na Câmara nenhum pedido de licenciamento, nem sequer nenhum projecto de reconversão".

Os seis membros do PSD da Junta e da Assembleia de Freguesia da Venteira temem, no entanto, que a destruição causada pelas chamas dê origem à alienação do imóvel em benefício de um projecto urbanístico "pomposamente anunciado" em feiras imobiliárias.

"Há três anos, na Feira Internacional de Lisboa, uma empresa de arquitectura fez uma apresentação do Lido como novo espaço de escritórios. Há um pedido de licenciamento, mas ficou na gaveta. Não discordamos de que haja habitação e escritórios, desde que seja considerada uma área significativa para cultura, como um auditório, um anfiteatro", disse o social-democrata Ricardo Carmo.

Para os seis eleitos, o executivo de maioria PS não tem "qualquer política cultural" para a cidade e não soube actuar face ao avançado estado de degradação do edifício e à consequente ocupação ocasional por transeuntes.

De acordo com Ricardo Carmo, a Junta tinha já solicitado ao município, nos últimos dois anos, que o acesso fosse vedado, inclusive por emparedamento, já que as placas que o proprietário terá posto sobre vidros partidos não inverteram a situação.

Também a CDU da Amadora divulgou um comunicado para reivindicar a recuperação de uma "potencial mais-valia" para a cultura do concelho, uma vertente que acredita ter vindo a degradar-se nos últimos onze anos, sob a "insensibilidade cultural" da gestão socialista.

Para os comunistas, a "linha especulativa" da Câmara é mesmo "responsável por mais esta calamidade". "Conhecemos a intenção da Câmara de, no lugar do Lido, autorizar a construção de mais uns blocos de apartamentos e escritórios. Mas nós pensamos estar na altura de repensar as suas opções e procurar uma parceira que mantenha naquele lugar uma sala de espectáculos que tanta falta faz ao concelho", refere um comunicado da concelhia.

A Lusa tem procurado ouvir o presidente Joaquim Raposo e a empresa proprietária do imóvel, a Brique - Investimentos Imobiliários, sobre a futura ocupação do complexo desde terça-feira, o que ainda não foi possível.

De acordo com a edição de hoje do “Diário de Notícias”, o sócio-gerente da empresa, Luís Nogueira, afirmou que "há pelo menos três anos está pendente de decisão na Câmara da Amadora um projecto de reconversão urbanística para o edifício", que visava a demolição do original e a construção de um novo prédio de uso misto, com habitação, escritórios e lojas.

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Fonte: Público, 04-02-2009

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