A ministra da Educação esforçou-se por passar ao lado do tema da violência escolar, identificando "a exclusão e a desigualdade" como os verdadeiros flagelos a combater nas escolas intervencionadas pelo projecto Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP). No entanto, a EB 2, 3 Cardoso Lopes, na Amadora, palco eleito para o anuncio de um investimento de cerca de cem milhões de euros até 2012, acabou por não se revelar a melhor escolha para tornar clara essa separação de conceitos.
Como admitiu aos jornalistas a directora da escola da Amadora, Conceição Mateus, a violência entre alunos subiu este ano , "embora sem casos de agressões graves", e a indisciplina disparou: "Temos três vezes mais ordens de saída da sala de aula do que em todo o ano lectivo passado", contou a professora, confessando ainda não ter uma explicação para o fenómeno.
Com 60% de alunos oriundos do bairro clandestino de Santa Filomena, na Amadora, e uma "taxa de insucesso de 52%", que agora se propõe reduzir para 15% em três anos, a EB 2, 3 Cardoso Lopes é no entanto um exemplo paradigmático das escolas em "desigualdade sócio-económica", para as quais a Maria de Lurdes Rodrigues defendeu a necessidade de uma "discriminação positiva".
Meios humanos e físicos
O projecto TEIP envolverá um investimento de 1,8 milhões de euros nas primeiras sete escolas para as primeiras sete instituições - cinco da área metropolitana de Lisboa e duas do Porto - que chegará aos 15 milhões nas 36 que o Governo pretende ver abrangidas até final do ano. Um esforço financeiro que a ministra classificou de "quase insignificante para os objectivos que se espera atingir".
As verbas vão reverter para o recrutamento de técnicos de apoio aos alunos - desde psicólogos a animadores e professores de Matemática e Português - e para "intervenções pontuais" nos equipamentos. As escolas serão "prioritárias" em projectos nacionais do ministério, como a requalificação da rede do secundário.
Em troca, são lhes pedidos resultados, sobretudo ao nível do sucesso escolar, e uma política de interacção com a comunidade, nomeadamente através de centros de reconhecimento de competências e aulas para adultos.
Fonte: Diário de Notícias, 07-03-2007
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