Interesses privados estão a empurrar o velho projecto de eléctrico rápido ou metropolitano de superfície da Amadora, mas agora com novo traçado. A Amorim Imobiliária, perante a contingência do seu novo centro comercial perder este meio de atracção dos clientes, é o «principal impulsionador» do empreendimento, que o presidente da Câmara Municipal da Amadora divulgou esta semana ao «Diário de Notícias».
O projecto de eléctrico rápido, que ligaria Algés à Falagueira, foi apresentado publicamente, em 2002, pelo Governo de Durão Barroso. O seu objectivo era estabelecer a ligação entre as duas ferrovias, a Linha do Estoril e a Linha de Sintra, facilitando o acesso entre os dois concelhos, através de um meio de transporte com maior capacidade, mas ligeiro e de superfície. Embora se admitisse o prolongamento da linha aos concelhos de Odivelas, Lisboa e Sintra e a criação de ramais nos concelhos de Oeiras e Amadora, o seu traçado original resumia-se à ligação entre Algés e Falagueira. Em 19 de Fevereiro de 2004, a presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Teresa Zambujo, afirmou ao Notícias da Amadora que o traçado de oito quilómetros do «canal principal foi assinado por mim e pelo presidente da Câmara Municipal da Amadora, Joaquim Raposo, há mais de um ano e não vai haver qualquer modificação a esse percurso». A opção de construção de outras ligações estava destinada a uma segunda fase e a decisão caberia às empresas coordenadoras do projecto, o Metropolitano de Lisboa e a Carris, após a realização de estudos. «O essencial é o canal principal», afirmou então Teresa Zambujo. Em entrevista que concedeu ao Notícias da Amadora, em 12 de Setembro de 2002, Joaquim Raposo pronunciou-se sobre as negociações da autarquia com a Carris e com as câmaras de Lisboa e Sintra, para que fosse instalada uma linha de eléctrico no corredor entre as portas de Benfica e Queluz, e também na expansão a Odivelas e ao norte do concelho, «onde há alguma lacuna de meios de transporte». A Câmara Municipal da Amadora e o seu presidente estavam empenhados no projecto. Ele contribuiu, de resto, para gizar o empreendimento do designado «maior centro comercial da Península Ibérica». O grupo Amorim e a Real Estate Development acolheram a ideia, tornando-se o metro uma componente do projecto imobiliário. A estação ficará instalada no centro comercial.
Acessibilidades fundamentais
Em 2002 a Câmara Municipal da Amadora estava a valorizar aquele espaço da Serra da Mira. Gabriel Oliveira, vereador do Trânsito e Rede Viária da autarquia, afirmou ao Notícias da Amadora (6 de Junho de 2002) que as novas acessibilidades a norte do concelho eram fundamentais. Estavam então em construção os nós de Santo Eloy e da Fonte Santa, com várias rotundas e um viaduto, que «vão permitir o descongestionamento do trânsito no centro da Amadora e criar novos acessos às principais redes rodoviárias estruturantes da Grande Lisboa». Pretendia-se, segundo o vereador, criar acessibilidades favoráveis à Brandoa e São Brás, tendo em consideração que está a nascer na Serra da Mira uma enorme urbanização e um empreendimento comercial de grandes dimensões. Duas obras que depois de concluídas «significam um aumento de tráfego automóvel na zona». A conclusão estava prevista para 2005. Neste ano, não só foi apresentado o centro comercial Dolce Vita, do grupo Amorim como o Governo de Durão Barroso firmou o negócio da venda dos terrenos da Quinta do Estado, na Falagueira. Na apresentação do projecto de centro comercial, noticiado em 5 de Maio de 2005 pelo Notícias da Amadora, o promotor destacou a excepcional acessibilidade na Área Metropolitana de Lisboa. O nó de Santo Eloy garante acesso ao resto do concelho da Amadora e às circulares regionais exterior e interior de Lisboa (CREL e CRIL) e ainda ao A8, IC16, IC19 e IC30. O centro «usufrui de uma óptima localização» e apresenta «uma centralidade única com seis concelhos densamente povoados (Amadora, Lisboa, Loures, Sintra, Oeiras e Odivelas). Situa-se numa zona com «uma rede viária consolidada e enraízada» e disporá de um metropolitano a passar no interior do Dolce Vita. Rui Alegre, da Amorim Imobiliária, anunciou que o centro comercial seria inaugurado em 2007 e que vai criar cinco mil postos de trabalho directos e oito mil indirectos. O presidente da Câmara Municipal da Amadora afirmou então que o centro comercial «é determinante para o desenvolvimento do concelho e de toda a Área Metropolitana de Lisboa». Acrescentando que o investimento do grupo Amorim não era apenas económico, mas também social. No desenvolvimento do projecto imobiliário da Quinta do Estado, também as acessibilidades são destacadas. O estudo de urbanização da Falagueira, a que o Notícias da Amadora se refere em 5 de Maio de 2005, salienta que a rede viária «é um elemento fundamental de articulação/ integração». Aí se fala na CRIL, nas estações de metro de Alfornelos e Falagueira, no «futuro interface caminho-de-ferro/ metropolitano na Reboleira» e do eléctrico rápido de superfície, que assume especial importância. Mas nem tudo correu como planeado. Com a chegada de José Sócrates ao Governo, o projecto do eléctrico entre Algés e Falagueira foi abandonado, a CRIL continua por concluir e a construção do Dolce Vita foi embargada em 8 de Janeiro de 2007. O presidente da Amorim Imobiliária disse então que a empresa ia proceder em conformidade com as instruções dadas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e que não iria atrasar o projecto, que passou a ter abertura prevista para 2008. Mas tal acontecerá sem o metropolitano ligeiro.
Interface na Reboleira
Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes, anunciou, em 22 de Setembro de 2005, o prolongamento da linha do Metropolitano de Lisboa da Falagueira até à estação da CP da Reboleira, o que acontecerá em 2009. No dia anterior, Joaquim Raposo anunciara o metro ligeiro de superfície que ligará Algés à Falagueira, mas Ana Paula Vitorino, instada a comentar, afirmou que «esse é um projecto que tem de ser objecto de avaliação» e que só deverá avançar cm «investimento privado». Na mesma edição de 28 de Setembro de 2005 do Notícias da Amadora, a secretária de Estado afirmou que o prolongamento do metropolitano, «da Falagueira até à Reboleira, são apenas 800 metros e o túnel já está construído até mais de meio do percurso. Só faltam 250 metros». Mas serão precisos pelo menos mais quatro anos para que a obra esteja concluída. Além dos 250 metros de túnel, serão feitas obras na estação da CP da Reboleira (que passará a funcionar como interface) e será construído um novo parque de estacionamento. O custo previsto estava estimado em 50 milhões de euros. Face à inviabilização ditada pelo Governo e à necessidade de uma alternativa, as câmaras municipais da Amadora e Odivelas encetaram em 2006 o estudo de um metro de superfície entre os dois concelhos, como disse Gabriel Oliveira, em declarações publicadas pelo «Jornal de Notícias», em 15 de Maio de 2007. Acrescentou que o financiamento se baseia «em parcerias público-privadas e permitirá transformar a Reboleira (Amadora) — onde o Metropolitano de Lisboa chegará em 2010 — num “importante interface”». A Amorim Imobiliária é um dos parceiros envolvidos no projecto. Na sua edição de 24 de Maio de 2007, o «Diário de Notícias» confirma a parceria com o grupo Amorim e aduz ainda a existência de outros promotores privados com interesses específicos no avanço do metro ligeiro. Segundo o «Diário de Notícias», uma fonte da câmara afirmou que serão aproveitados «uma parte dos terrenos das instalações da Bombardier para aí criar as infra-estruturas necessárias ao avanço do projecto», incluindo um parque de estacionamento de grandes dimensões. Outros interessados são, segundo o matutino, «os promotores imobiliários da Cometna (Falagueira)» e da «nova urbanização que está a ser construída no Casal de Vila Chã». Embora o nome são seja revelado, essas urbanizações são do construtor José Guilherme. Joaquim Raposo afirmou ao «Diário de Notícias» que «o traçado que propusemos serve a população dos dois concelhos a norte». Disse ainda que o Metro de Madrid e a Caja de Madrid «mostraram interesse em investir no projecto e que, nos próximos meses, devem ser agendadas reuniões com responsáveis do Governo no sentido de «garantir algum apoio público».
Fonte: Notícias da Amadora, 25-05-2007
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