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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Provedor de Justiça recomenda à Câmara da Amadora que suspenda demolições

O provedor de Justiça, José de Faria Costa, sugeriu à Câmara da Amadora que suspenda as demolições no Bairro de Santa Filomena, por considerar que nenhuma razão, seja relacionada com a política urbanística ou com o facto de as casas estarem em terrenos alheios, pode sobrepor-se à actual conjuntura de crise económica e desemprego.

A intervenção do provedor vem na sequência de um apelo feito pelo Colectivo pelo Direito à Habitação e à Cidade — Habita, para tentar travar os despejos dos moradores daquele bairro, iniciados em 2012. Num ofício enviado nesta quinta-feira ao Habita, o provedor adjunto Jorge Miranda Jacob dá conta dos contactos entre a provedoria e a Câmara da Amadora.

A recomendação de suspensão das operações, feita por Faria Costa a 26 de Agosto passado, foi uma resposta aos argumentos da autarquia para prosseguir com as demolições naquele bairro de génese ilegal: primeiro, que as habitações ali existentes não reúnem nem poderão reunir ­— “nem numa perspectiva muito optimista” — condições de habitabilidade e salubridade mínimas; segundo, que “o terreno não se encontra ocupado pelos seus legítimos proprietários”.

A provedoria contrapôs: “O suposto esbulho dos terrenos é uma questão a resolver entre os proprietários e os moradores, mas de modo algum justifica a actuação municipal, substituindo-se aos tribunais”. E acrescentou: “Só razões de ordem pública urbanística podiam justificar as demolições, mas essas mesmas razões deveriam soçobrar, de momento, perante a conjuntura económica”.

Segundo o Habita, os terrenos de Santa Filomena pertencem ao Fundo Fechado Especial de Investimento Imobiliário VillaFundo, integrado na Interfundos do Millenium BCP. De acordo com o Relatório de Actividades deste fundo, de 2012, consultado pelo Habita, os terrenos foram avaliados em 25.210.590,72 euros e representam uma mais-valia potencial de 1.389.409,28 euros.

Rita Silva, presidente do colectivo, considera que o desmantelamento do Bairro de Santa Filomena é “ilegal e ilegítimo” por assentar num recenseamento realizado em 1993, ao abrigo do Programa Especial de Realojamento (PER), que está actualmente “obsoleto”.

Este PER prevê que as famílias inscritas sejam realojadas pela câmara. Para as restantes, a autarquia garante que tem procurado alternativas fora do bairro, o que o Habita contesta. (...)

Em Setembro, em resposta à recomendação do provedor, o executivo liderado pela socialista Carla Tavares garantiu que deu a “melhor atenção” à sugestão de Faria Costa. No entanto, dois meses depois houve novas demolições. “A Câmara Municipal da Amadora continua empenhada em resolver o problema dos bairros degradados do concelho e, por isso, não vai suspender a execução" do PER, sublinhava a autarquia numa nota enviada ao PÚBLICO a 25 de Novembro.

Segundo o recenseamento feito em 1993 ao abrigo do PER, em Santa Filomena existiam 581 agregados familiares, residentes em 442 habitações precárias, num total de 1945 residentes. No final de Novembro tinham sido demolidas 336 construções, faltando 106 para erradicar no bairro, segundo dados da câmara.

A provedoria voltou a interpelar recentemente a Câmara da Amadora sobre este assunto, estando a aguardar resposta. Para o colectivo, a intervenção de Faria Costa "acentua não apenas o carácter ilegal e ilegítimo da actuação da câmara, que se orienta por interesses privados e não [por] objectivos de ordem pública".

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Fonte: Público, 12-02-2015

5 comentários:

Anónimo disse...

Mas porque razão não pode a autarquia acabar com os bairros de barracas? Os grandes defensores da manutenção deste tipo de bairros normalmente moram em condomínios fechados e longe destes bairros. Os outros que gramem levar com a paisagem em frente à sua janela há mais de 30 anos.

Anónimo disse...

Eu sou da opinião de que o bairro deve ser demolido.

Ainda hoje lá estavam as escavadoras a deitar mais umas "casas" a baixo.

Já se nota uma grande difença

Anónimo disse...

Desde que o bairro foi parcialmente demolido, existem menos ocorrências de assaltos e pedras a voarem sobre as nossas viaturas e janelas. Penso de pouco a pouco vamos ganhar mais qualidade.

...a ver vamos...

Anónimo disse...

A questão diz respeito a todos os Bairros de Lata e não só relativamente ao Bairro de Santa Filomena!!!... todos devem ser demolidos e o mais rapidamente possível... não dignificam as áreas onde se encontram e sobretudo não dignificam quem lá vive...!!!

Anónimo disse...

Não a questão não diz respeito a todos. Uns fazem os bairros de barracas, têm os filhos que entendem. Outros com os seus impostos que em vez de irem para um bem comum vão para fazer habitação social ou ajudar a comprar casa aos que fizeram as barraquinhas, e também pagam com os seus impostos os subsídios para as criancinhas. Estes que tudo pagam, não têm quem lhes pague a casa, e só podem ter um filho apesar de gostarem de ter mais, mas é assim. Uns pagam tudo, declaram tudo e fartam-se de trabalhar, outros nada pagam, nem nada declaram e têm direito a tudo, são os primeiros a serem admitidos em todos os equipamentos sociais, saude, educação, etc. Só é lamentável não lhes exigir nenhuma contribuição para a sociedade que os sustenta.