Se está à procura de casa, lembre-se disto: os sites de classificados como o OLX, o Casa Sapo ou o Imovirtual são meros facilitadores do negócio. Não lhe dão garantias da veracidade do anúncio nem se responsabilizam por ele, caso algo corra mal.
"As pessoas têm que ser mais exigentes no que concerne à confirmação dos dados do anunciante", diz o subcomissário da PSP Carlos Pragana à Renascença.
Além da coordenação das investigações depois de o crime acontecer, esta polícia procura actuar sobretudo na prevenção. Carlos Pragana aconselha: "Desconfiem sempre dos anúncios que pareçam muito vantajosos, em que o preço está claramente abaixo do valor do mercado".
Carlos Pragana lembra que há várias formas de tornar o processo mais seguro: procurar sempre fazer a transacção e a assinatura de contratos presencialmente, pesquisar os dados do imóvel na internet (pode haver referência a burlas anteriores), solicitar a uma pessoa da sua confiança que tente arrendar o mesmo imóvel, para verificar se o suposto proprietário faz um duplo negócio, entre outros conselhos.
No caso de se ver envolvido numa burla - mesmo que ela não se chegue a concretizar - a PSP apela à denúncia da mesma. "Por norma, este tipo de perfis não comete apenas uma burla, portanto a denúncia e o alerta às autoridades é fundamental para a detecção e intercepção do suspeito", explica o subcomissário.
Plataformas online "tão seguras quanto as físicas"?
Para Miguel Monteiro, presidente executivo da FixeAds, a empresa portuguesa que detém os portais de classificados e leilões OLX, Imovirtual, Standvirtual e Coisas.pt., estas plataformas "são tão seguras quanto as plataformas físicas, desde que se tenham os devidos cuidados".
Miguel Monteiro explica que estas plataformas permitem o acesso a um volume tão grande de informação que os riscos também aumentam. "Se a pessoa tem acesso a tanta informação, mais facilmente pode ser enganada se não tomar as devidas precauções", esclarece.
Questionado acerca do número de denúncias que recebe de utilizadores do OLX, uma das plataformas mais populares entre as geridas pela FixeAds, Miguel Monteiro garante que o número de denúncias de abuso "é inferior a 0,5%". "Das centenas de milhar de anúncios que temos semanalmente, diria que o máximo que temos são algumas dezenas de queixas", afirma.
A segurança é, segundo o presidente executivo da empresa, uma preocupação da FixeAds, que apesar de não impor restrições na publicação do anúncio, procura fazer a monitorização dos anúncios que são colocados.
"Qualquer pessoa pode pôr um anúncio. No entanto, temos determinados filtros de segurança", explica. "Verificamos se o preço do anúncio faz sentido ou se é só um chamariz. Esses anúncios são revistos pela nossa equipa e [os fraudulentos são] depois eliminados". "Tirando isso, não temos grandes restrições, a não ser o que está definido pelos nossos Termos e Condições", conta.
Em caso de burla, a responsabilidade é imputada ao anunciante e não à plataforma. "Nunca vamos estar envolvidos na transacção, porque somos um site de classificados e não de 'e-commerce'", explica Miguel Monteiro.
A denúncia é, porém, crucial para tornar a plataforma mais segura. "Se uma pessoa nos reportar um problema, nós tentamos alimentar os nossos algoritmos de segurança com os padrões desse problema, de forma a detectar de forma proactiva outras situações semelhantes", conclui.
Miguel Monteiro deixa uma máxima: "Se um negócio parece bom demais para ser verdade é porque normalmente é. Não existem negócios da China."
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Fonte: Rádio Renascença, 07-04-2016
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