É preciso recuar 15 anos para encontrar um nível idêntico de transacções imobiliárias em Portugal. Só em 1993 é que o número de imóveis vendidos esteve abaixo dos 200 mil, o que irá repetir-se este ano. Já se anda a falar de crise no sector imobiliário há pelo menos sete anos, mas nunca a queda de transacções foi tão acentuada - menos 75 mil do que em 2007.
Desde o início da década que o mercado tem vindo a reorganizar-se e a corrigir o boom imobiliário em que todos os factores concorriam para a venda das casas e a valorização dos imóveis. A crise bancária e a escassez de liquidez que se abateu sobre o sistema financeiro este ano veio agudizar os problemas.
Os números com que vai fechar o ano de 2008 ainda não são conhecidos, mas estima-se que as tendências de quebra até agora reveladas se vão acentuar no número de transacções; no entanto, começa a assistir-se a uma ligeira recuperação nos indicadores de valorização dos imóveis.
É pelo menos essa a conclusão que se pode tirar do cruzamento dos dados recolhidos pelo PÚBLICO, em matéria de valorização do mercado residencial - verificada pelo Índice Confidencial Imobiliário -, com o número de imóveis vendidos em Portugal.
O Índice Confidencial Imobiliário mede o nível de valorização do mercado residencial, através de uma metodologia que tem por referência o ano 2005 e que recorre à informação disponível no portal imobiliário LarDoceLar, do grupo Caixa Geral de Depósitos. Este portal tem registados 450 mil fogos provenientes de cerca de 1400 empresas de mediação. Apesar da convicção instalada de que o preço das casas tem vindo a descer, é mais verdadeiro afirmar que as valorizações são menos acentuadas, já que em nenhum ano, mesmo neste ciclo de retracção, as casas estiveram a valer menos em termos homólogos - apesar de estas variações anuais estarem por diversos anos abaixo da inflação.
Este índice revela que os anos em que se registaram maiores taxas de variações mensais homólogas foram os de 2000 e 2001 - respectivamente 8,3 e 7,1 por cento. O ano em que os imóveis menos se valorizaram (em termos de variação anual, medida em cada mês, pelos últimos 12 meses, comparados com os 12 meses anteriores) foi nos anos de 2003 (a taxa de valorização anual foi em média de 0,6 por cento) e 2004 (a taxa foi de 1 por cento). Durante os primeiros dez meses de 2008, a taxa de valorização anual neste índice tem mantido um crescimento constante, posicionando-se em Outubro nos 3,5 por cento (a média dos dez meses é de 2,3 por cento).
A tendência de quebra do número de imóveis transaccionados encontra também reflexo na diminuição do número de casas novas que têm vindo a ser licenciados e construídas ao longo desta década. No ano 2000, venderam-se 346 mil casas, e pediram-se licenças para construir 137 mil novos fogos. Em 2007, foram vendidos 275 mil imóveis em Portugal e foram pedidas 31 mil licenças de novos fogos. "Partiu-se de uma realidade em que o mercado do novo representava 35 por cento das vendas, e agora deve andar à volta dos 12 por cento. Tem sido uma grande alteração", comenta o presidente da Remax em Portugal.
Em entrevista ao PÚBLICO, Manuel Alvarez afirmou que as evoluções do mercado têm trazido uma grande alteração das mentalidades e dos comportamentos dos vários intervenientes, esperando-se que a actual conjuntura venha a acentuá-las.
Alvarez recorda que, em 1994, quando um estudante acabava a universidade e conseguia arranjar o primeiro emprego, não pensava logo em comprar cada. "Mas agora todos se habituaram a isso, e porque não conseguem, lá voltam a falar na crise", observa.
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Fonte: Público, 07-12-2008
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